martes, 23 de marzo de 2010

Viajantes

Resenha

Crônicas de viagem, da Cecília Meireles


“A arte de viajar é uma arte de admirar, uma arte de amar. É ir em peregrinação, participando intensamente de coisas, de fatos, de vidas com as quais nos correspondemos desde sempre e para sempre. É estar constantemente emocionado –e nem sempre alegre, mas, ao contrário, muitas vezes triste, de um sofrimento sem fim, porque a solidariedade humana custa, a cada um de nós, algum profundo despedeçamento”.

Esse seria para mim o melhor resume, a essência das crônicas poéticas da Cecília Meireles, reunidas neste livro. Esse, e este que segue, nas suas próprias palavras:

“Porque viajar é ir mirando o caminho, viviendo-o em toda a sua extensão e, se possível, em toda a sua profundidade, também. É entregar-se à emoção que cada pequena coisa contém ou suscita. É expor-se a todas as experiências e todos os riscos, não só de ordem física, -mas, sobretudo, de ordem espiritual. Viajar é uma outra forma de meditar”.

A Cecília narra-nos a sua peregrinagem pelo mundo, descrevendo tudo o que vê com profundidade mas também desde a ironia e o humor que caracteriza a gente inteligente. Ela não é a turista, mas viajante. Viajante é aquel que se introduz nos outros lugares desconecidos para faze-los seus, desde a comprensão e a convivência com a sua gente e com as costumes dos outros não viajantes, mas moradores dos lugares. Mesmo assim é a Cecília.

Este foi o vocabulário que eu destaquei:

lidar com o cotidiano
o pisca, o pisca da memória: quando a lembrança reaparece
enxuta: seco
cenários: lugares
o costume: o hábito
distância, convívio, aérea, vôo, céu, Mediterrâneo, vários, gênio
desenrolar a faixa: desenvolvê-la
pitoresca: excéntrica
a mercê: ao servicio
“Quem não viu Lisboa, não viu coisa boa”
o cinto
céu meigo: lindo, terno
custa-se a crer: é difícil acreditar
chao macio como pelúcia: mole, suave
não cuide que...: não pense que...
miudezas: coisas sem importância nenhuma
a paisagem, a reportagem, a personagem
o por do sol
o ar / os ares
se respirarmos, pode ser que desequilibremos
traquinice: travesura
sem saberem
dir-se-ia
toldada: densa
doçura: ternura
olhos de esguelha: de soslaio
se houver erro...
alastrar: propagar
disseram por perto
uivar: ganir (aullar)
olhavam de soslaio
logo que entramos, fomos recibidos
parece datar de uns dez séculos
em redor de ti: en torno a ti
úmido: molhado
quererão que vejas
caramujo??
névoa: céu denso
“se les perguntares aonde irão pousar, depois de terem visto o mundo”
“Vontade de partir para tornar a voltar”
dar esmola: dar gorjeta
sair para passeio
exatamente
mesmice??
põem-nos de mãos dadas: com as mãos juntas
em criança: sendo criança
via as crianças correrem

E estas foram as frases que eu não esqueço mais pela sua lucidez:

“O espanto é a emoção de estarem vivos, de terem olhos, e verem e quererem saber, e não coomprenderem”.

“Que não perde, é certo, sua noção de céu altíssimo, mas que se permite esse contacto com a terra como um doce prazer merecido”.

“-mais belo que o sol e a lua, que as estrelas e os planetas: as nuvens. Porque o sol e a lua, as estrelas e os planetas são uma beleza que os olhos humanos, em sua pobreza natural, -sem o recurso das lentes que revelam incêndios, crateras, auréolas existentes nesses longínquos mundos- encontram semelhantes todos os dias. Mas as nuvens nunca se parecem consigo mesmas, dois minutos seguidos. Sua fluidez, sua inconstância, sua fragilidade, sua graça disponível tem o poder de transportar o nosso pensamento ao lirismo e à meditação. E o homem de boa-fé, que olha para o céu sem pressa, pode considerar-se dono de toda sabedoria permitida a um vivente”.

“O menino de sapatinhos azuis, acocorado, a espiar o caminho das formigas”...

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