miércoles, 4 de noviembre de 2009

Além das palavras

Pode haver maior riqueza de pensamento que a que te dá o facto de conhecer outra(s) cultura(s) diferentes à tua? Eu tenho experimentado na minha própria pele a seguinte proporção: quanto maior é a diferença da outra cultura que conheces respeito à tua, maior riqueza de pensamento e, pelo tanto, de ‘espírito’. E não é ai onde a criatividade nasce, onde a inovação cresce?
No mesmo lugar encontra-se o ‘imaginar’, que é mesmo o prazer de viajar a aqueles lugares remotos onde ainda não se foi, ou onde poderia ser que nunca se for –já se sabe que muitas das meiores viagens têm-se feito com a fértil imaginação humana.
Depois está o ‘pensar’, que é mesmo o facto de fazer analogias, de enlaçar palavras, ideias, reflexões, ensonhações, através do mecanimso lógico da razão, que utilizamos para nós explicarmos a vida mesma. E, há acaso alguma coisa que não tenha nada a ver com isto? E quando se pensa (porque se somos humanos não podemos não pensar, mesmo que não queramos), como se pensa? Quais são as ferramentas do trabalho do pensamento? As palavras, as belhas e traiçõeiras palavras.
Já o diz aquela canção: Palavras, palavras, palavras. Mas só palavras? Mais do que isso: entendimento, razões, explicações necessárias, por não dizer imprescindíveis, para nós descrevermos o complexo mundo que nos envolve e lhe dar sentido. Além disso, a possibilidade de mudá-lo está na criatividade do pensar, de imaginar combinações de palavras e inventar ideias novas.
Detrás está a comunicação, que é do que estamos a falar o tempo todo, além da vida mesma. E o que é a vida sem comunicação? E sem criatividade? Tristeza, silêncio isolado, solidão não desejada. O mesmo Mar Morto.
Eu, que acho que as fronteiras não deveriam existir, não acredito na arrogância da pátria nem nos nacionalismos fechados que só olham para o lar próprio sem olhar o pensar dos outros. Porque poderia ser que esses ‘outros’ tivessem a mesma origem e foram mais ‘nós’ do que pensamos, e que todos nós faláramos no fondo na mesma língua antes da Torre de Babel. A riqueza e a criatividade da vida, mesmo assim a capacidade de inovar, estão, acho eu, nessa diversidade humana, nessa mistura de pensamentos e línguas, e nessa outra comunicação universal que é a linguagem não verbal, onde a criatividade, como nas crianças, não tem barreiras. Nem sequer as do pensamento.

by Carmen